Publicado em 21/04/2013 | Chico Marés
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Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Pastor Marco Feliciano se tornou presidente da Comissão de
Direitos Humanos: evangélicos ocupam espaços importantes
Se a bancada evangélica fosse um partido, ela seria o terceiro maior na
Câmara Federal. A frente parlamentar evangélica, que conta com parlamentares das
mais diversas denominações, tem 76 deputados, número superado apenas pelo PT
(89) e pelo PMDB (82). Com tantos deputados, o grupo começa a ocupar espaços
importantes na Câmara, como a liderança do PMDB e o comando da Comissão de
Direitos Humanos e Minorias da Câmara – fato que colocou o pastor Marco
Feliciano (PSC) nos holofotes neste início de ano.
Não se trata de uma superrepresentação: hoje, os evangélicos são 22,2% da
população do país. O crescimento ocorreu nos últimos 30 anos. Em 1980, eram
apenas 6,6% da população, a maioria ligada a igrejas tradicionais. Eram 7,2
milhões de pessoas, o equivalente à população atual do Pará. Segundo o IBGE, em
2010 os evangélicos já eram 42,3 milhões, população equivalente ao estado de São
Paulo, a maioria em igrejas pentecostais.
Para o cientista político Cesar Romero Jacob, da PUC-RJ, esse fenômeno
coincide com o período de estagnação econômica ocorrido entre 1980 e 2000. As
igrejas pentecostais cresceram na periferia dos grandes centros urbanos, regiões
com população de baixa escolaridade e com pouco ou nenhum acesso ao poder
público. A partir da última década, essas igrejas, assim como boa parte da
periferia, migraram também para a classe média baixa.
Para o cientista político Luiz Domingos Costa, do grupo Uninter, os pastores
souberam compreender o sistema representativo brasileiro. O eleitor evangélico
vota dentro de sua comunidade, em candidatos com um perfil socioeconômico e um
sistema de valores ideológicos e religiosos parecido com o seu – uma efetiva
representação. Costa destaca também que os evangélicos souberam ocupar legendas
pequenas e médias, como o PSC e o PRB.
Jacob, porém, aponta problemas na relação eleitoral das igrejas com os fiéis.
Para ele, uma parcela considerável de igrejas pentecostais usa o culto como um
espaço para propaganda eleitoral.
Colaborou Isabella Lanave, especial para a Gazeta do Povo
Em Curitiba, grupo tem 11 vereadores
No mês passado, a Câmara de Curitiba oficializou a criação de uma bancada
evangélica. Ela é composta por 11 vereadores – em um colegiado de 38. Com mais
dois vereadores, a bancada teria um terço da Câmara, o suficiente para
apresentar emendas à Lei Orgânica ou impedir a aprovação de matérias que exigem
maioria qualificada. A bancada é liderada por Noêmia Rocha (PMDB), da Assembleia
de Deus, e conta com vereadores de diversos partidos e igrejas.
Segundo o vereador Ailton Araújo (PSC), a bancada não foi criada para pensar
em projetos e sim para trabalhar em problemas pontuais que cheguem até a Câmara.
“Não temos a intenção de nos caracterizar como uma bancada específica”, diz. A
bandeira do grupo, não diferente de outras frentes evangélicas, é a defesa da
Família. “Mas não queremos polemizar”, afirma Noêmia, idealizadora da
bancada.
Além de Noêmia e Aílton, estão na bancada Cacá Pereira e Chicarelli (PSDC),
Tiago Gevert e Carla Pimentel (PSC), Cristiano Santos (PV), Chico do Uberaba
(PMN), Dirceu Moreira (PSL), Jorge Bernardi (PDT) e Valdemir Soares (PRB).