terça-feira, 6 de agosto de 2013

CASTRO PERDE ATLETA DE 14 ANOS EM TOLEDO NO ÚLTIMO SÁBADO


A semana começou com muita tristeza para o esporte castrense, que perdeu uma jovem, alegre e dedicada atleta. A jogadora do Caramuru Basquete, Flavia Vitória de Castro, de 14 anos, acabou falecendo no sábado (3).
Integrante da equipe Sub 15 de Basquete, Flavia havia viajado com o time e o técnico, Renato Cordeiro, o Pandorff, na quarta-feira (31) para Toledo, oeste do Estado, para participar do Campeonato Paranaense de Basquetebol.
Flavia chegou a jogar a primeira partida disputada pelo Caramuru na competição, na quarta-feira. Mas, como ela apresentava alguns sintomas de gripe e disse se sentir cansada, Pandorff preferiu poupá-la das partidas disputadas na quinta-feira (1º) e sexta-feira (2). Na sexta-feira à tarde, ela foi levada ao hospital com febre. No hospital, ela foi medicada e liberada. "Ela voltou ao alojamento e ficou o tempo todo em companhia das três mães de atletas que acompanhavam a equipe", explica o secretário municipal de Esporte, Antenor Quintiliano Telles.
"Depois que ela foi medicada, ela deu uma melhorada, estava mais disposta. Ficou assim até o início da madrugada, quando começou a reclamar de dores nas costas", aponta Pandorff. No início da noite de sexta-feira, Pandorff entrou em contato com a pai da atleta, Neri Anacleto. Neri então viajou para Toledo acompanhado por dois amigos, entre eles o vereador Gerson Sutil. Os três saíram de Castro por volta da meia-noite de sexta-feira e chegaram em Toledo aproximadamente às 5 horas de sábado. "Ela queria aguardar o pai chegar no alojamento. Durante toda a nossa viagem, o Neri recebeu mensagens da filha, perguntando se ele iria demorar", conta Sutil.
Ao chegar em Toledo, o pai levou novamente a filha ao Pronto Atendimento da cidade. Do Pronto Atendimento a menina foi encaminhada à Casa de Saúde Bom Jesus. Lá, ela foi submetida a raio-X e exames de sangue, e levada então para a UTI. "O médico falou que a Flavia não tinha imunidade nenhuma. Ela estava escarrando secreção com sangue. O raio-X mostrou que os pulmões estavam totalmente comprometidos. Assim, por volta do meio-dia de sábado, o médico informou que precisaria entubá-la, mas havia risco de ela não resistir a este procedimento. Embora estivesse mal, durante todo o tempo a Flavia esteve consciente", aponta Sutil. O sangue coletado de Flavia foi encaminhado para o Laboratório Central (Lacen) em Curitiba, para averiguar se a atleta estava infectada pelo vírus da Gripe A (H1N1). "Mas, não é possível saber ainda o que ocasionou a morte da Flavia. O médico falou que poderia ser uma pneumonia muito forte, um problema causado por bactéria, uma gripe. Só os exames darão certeza do que provocou a morte", frisa Sutil.

Embora Flavia tenha resistido à entubação, o seu estado agravou e depois de sofrer duas paradas cardiorrespiratórias ela acabou falecendo, por volta das 18h30 de sábado. Seu corpo foi velado em Castro e o sepultamento aconteceu no distrito do Socavão, onde a família da atleta morava.
"É uma perda que não tem como ser medida. A Flavia treinava com o grupo há cerca de quatro anos. Era uma menina doce, determinada, alegre. A nossa rotina de treinos, viagens e competições nos torna muito próximos e faz com que o relacionamento seja como de uma família. É uma dor e um choque muito grande para todos", frisa o técnico Pandorff
Para que seja amenizada a dor das atletas, a Secretaria Municipal de Esporte está viabilizando, junto à Secretaria Municipal da Família e Desenvolvimento Social, apoio com psicólogo.
Devido à morte de Flavia, a Federação Paranaense de Basquetebol, a 20ª Regional de Saúde e a Prefeitura de Toledo suspenderam o campeonato, que havia iniciado na na quarta-feira.
A Federação informou que equipes de saúde do município foram mobilizadas para atender sete atletas que apresentaram sintomas de gripe ou inflamação na garganta. O material colhido das jogadoras e da Flávia foi encaminhado para o Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen), em Curitiba. A expectativa é que o resultado dos exames seja divulgado hoje (6).

  • REUNIÃO
Nesta segunda-feira (5), Antenor; Pandorff; a enfermeira da Vigilância Epidemiológica de Castro, Daniele Mayer; a secretária municipal de Educação, Maurem Clara Johnsson Kremer e o prefeito Reinaldo Cardoso - que também é médico - se reuniram com os pais das atletas e as jogadores, na sede da Secretaria de Esporte. Também foram convidados representantes das escolas em que as jovens estudam. O objetivo foi conversar com os pais, esclarecer o que aconteceu e orientar sobre as medidas a serem tomadas agora.
Dr. Reinaldo explicou sobre os períodos de transmissão do vírus da gripe, sobre a vacinação contra a doença - que é feita apenas em grupos prioritários definidos pelo Ministério da Saúde. "Para algumas pessoas a Gripe A aparece como uma gripe qualquer. Para outras, dependendo do organismo, ela se torna altamente agressiva", explicou.
A enfermeira Daniele alertou que além da vacina, alguns cuidados são fundamentais para evitar a doença. "É preciso lavar constantemente as mãos, principalmente ao chegar da rua. Evitar coçar os olhos e nariz. Cobrir boca e nariz com lenço ao espirrar, assim como manter os ambientes bem arejados". Ela disse ainda que as pessoas que estão tomando o Tamiflu - remédio indicado contra a Gripe A - devem ficar em casa, de repouso por sete dias, evitar contato com muitas pessoas e ambientes fechados, além de não compartilhar objetos como talheres, copos e pratos.
Dr. Reinaldo explicou ainda que as atletas que não apresentam sintomas de gripe podem frequentar normalmente as aulas.
Uma das questões levantadas pelos pais durante a reunião é a realização de exames de saúde nas atletas, para atestar que podem participar de atividades físicas. "A ideia é muito boa. Vamos planejar como isso pode ser feito junto à Secretaria de Esporte e, possivelmente, disponibilizar médicos para que façam esta avaliação. Caso prefiram os pais também podem procurar algum médico de confiança para fazer esta avaliação", destaca Dr. Reinaldo.
"É lamentável tudo que aconteceu. E uma grande dor para todos nós. É difícil encontrar explicação. O que não podemos permitir é que este fato afaste nossos jovens do esporte. O esporte tira os jovens das ruas, ajuda na formação do caráter e contribui muito para a saúde. Não deixem que o medo impeça que seus filhos pratiquem esporte", salientou Dr. Reinaldo.

  • APOIO
Antenor ressalta o apoio da Secretaria Estadual de Esporte, assim como da Prefeitura e da Secretaria de Saúde de Toledo. "A Secretaria Estadual ofereceu toda a assistência funerária, assim como arcou com os custos para transporte do corpo da Flavia para Castro. Profissionais da Secretaria de Saúde de Toledo estiveram o tempo todo junto com a nossa equipe, conversaram com as atletas para saber se elas apresentavam algum sintoma de gripe. Algumas foram submetidas a exames, mas nesta segunda-feira já estão bem. Não apresentaram febre alta ou outro sintoma da Gripe A", aponta Antenor.
No mês de julho, Flavia passou mal em outro campeonato disputado em Toledo. Naquela viagem ela foi para jogar handebol, mas teve uma convulsão e precisou ficar internada. A menina foi submetida a uma série de exames e, a princípio o fato que levou à sua morte não teria relação com este episódio. "Vejo como uma grande fatalidade. Uma atleta, com boa saúde, ficar debilitada daquela forma de maneira tão rápida não tem como explicar. Fomos muito bem atendidos no hospital em Toledo. A Flavia teve atenção prioritária, sempre com vários médicos cuidando do caso dela. O cuidado que eles tiveram com ela foi excepcional", declara Sutil.

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